Salvo se não estiver mentindo, como costuma fazer, o presidente Jair Bolsonaro já escolheu o general Braga Netto, ministro da Defesa, para substituir em sua chapa à reeleição o vice-presidente Hamilton Mourão Filho, também general.
De Braga Netto, Bolsonaro não espera que lhe acrescente votos, porque ele não tem, mas que meta medo nos seus adversários. Com ele na chapa, reafirma sua condição de candidato apoiado pelas Forças Armadas e que com elas governará por mais 4 anos.
Os governos da ditadura de 1964 não empregaram tantos militares em cargos reservados antes a civis quanto o governo do ex-capitão, afastado do Exército por planejar atos terroristas a quartéis e ter sido garimpeiro à revelia dos seus superiores.
Mourão entrou na chapa de Bolsonaro em 2018 para exercer o papel que agora caberá a Braga Netto – infundir medo e aliviar o medo de Bolsonaro de acabar deposto por meio da eventual abertura de um processo de impeachment.
A oposição ao governo e o Centrão, que mais tarde aderiu a ele, jamais cogitaram derrubar Bolsonaro para evitar a chegada ao poder de um militar, e logo Mourão, duas vezes punido ainda na da ativa por se opor publicamente aos presidentes Dilma e Temer.
Seu dispositivo militar estará montado para um novo mandato, ou para socorrê-lo caso ele perca e não queira reconhecer a derrota.
Se Lula não for eleito, mesmo assim a bancada da esquerda deverá crescer no Congresso, bem como a do Centrão. Braga Netto, tão linha dura quanto Mourão, tem a vantagem para Bolsonaro de ser mais alinhado com ele do que Mourão foi. Mas não só.
Bolsonaro não queria o general Paulo Sérgio como comandante do Exército, porém foi obrigado a engoli-lo. Com Braga Netto de vice, deslocará Paulo Sérgio para o Ministério da Defesa e, no seu lugar, porá um general de sua inteira confiança, linha dura também.
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