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Salão Beleza e Vida

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quarta-feira, 1 de junho de 2022

Polícias de ao menos 11 estados são acusadas de usar gás em viatura

 

Arte/Metrópoles


 O uso abusivo de gás lacrimogênio e de pimenta por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que resultou na morte de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, em Umbaíba (SE), não é fato isolado no país.

Genivaldo foi morto em uma espécie de “câmara de gás” improvisada por policiais no porta-malas de uma viatura, após ser abordado no último dia 25 por estar sem capacete. O Metrópoles encontrou dezenas de outras situações semelhantes ao redor do país, com o uso de spray de pimenta contra pessoas no interior de veículos oficiais.

Foram ao menos 24 casos registrados em 10 estados (AM, PA, SC, RS, SP, BA, MT, MG, GO e AL), mais o Distrito Federal, nos últimos 11 anos. Homens sufocados em meio a chutes e socos. Torturados por cinco horas. Spray jogado no rosto de um preso quase desmaiado. Viaturas danificadas por quem se debatia para poder respirar.

São relatos que constam em sentenças, acórdãos e diários oficiais de tribunais. Os depoimentos, em alguns casos, são usados para embasar habeas corpus e até pedir indenização por danos morais.

"Estamos falando de um ambiente confinado, onde não há renovação do oxigênio. Se uma pessoa estiver dentro, o oxigênio vai diminuindo, pois o outro gás vai ocupar o espaço dele, impedindo a respiração. Então, o maior problema do caso não é a substância, mas a circunstância”, avalia o perito Casso Thyone, membro do Conselho do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

Ele explica que os gases lacrimogênio e de pimenta deveriam ser usados, em tese, para repelir ataques ou afastar agressões, mas sempre em ambientes abertos. “Essa prática [de usar gás dentro de viaturas] tem que ser abolida, quer faça parte ou não dos protocolos previstos”, prossegue, em convesa com o Metrópoles.

Agressão, enforcamento e gás de pimenta

No Distrito Federal, dois policiais militares foram condenados e afastados dos cargos após torturarem um homem por mais de cinco horas, quando ele deveria apenas ter sido conduzido à delegacia.

Além do gás de pimenta dentro da viatura, os militares agrediram o rapaz com chutes e teriam usado até aparalho de choque. A vítima era acusada pelos agentes de roubar um veículo e um celular. As agressões, praticadas como “castigo pessoal” pela dupla de PMs, ocorreram em maio de 2014, em Ceilândia e Brazlândia.

“Apanhou dos acusados no trajeto de ida e volta de Brazlândia. Disse que foi utilizado gás de pimenta, o qual foi aspergido contra o declarante quando foi colocado no cubículo da viatura. Foi enforcado e agredido com chutes e socos na barriga, costas e cabeça e está preso em razão do assalto que os acusados lhe imputaram”, detalha acórdão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios(TJDFT), com base no depoimentento da vítima prestado em juízo.

Havia quatro policiais, mas somente três o agrediram.

“Tomou choque na barriga e nas partes íntimas e tomou cacetada na cabeça”, diz trecho de despacho do desembargador José Jacinto Costa Carvalho, em maio do ano passado. Na ocasião, o tribunal julgou prejudicado o recurso dos dois policiais. O magistrado assegurou que os depoimentos da vítima e das testemunhas, aliados às provas periciais, comprovam a autoria e a materialidade da tortura.


“Por amor de Deus”

Em Caçador, Santa Catarina, um homem implorou pelo “amor de Deus” para que policiais parrassem de jogar gás de pimenta contra ele, já dentro da viatura. Esse caso foi citado em reportagem do Fantástico, da TV Globo, no domingo (29/5). O Metrópoles teve acesso à íntegra do processo.

"Prosseguiu sustentando que os policiais o prenderam em uma viatura e borrifaram um tubo inteiro de gás de pimenta em seu interior, ocasião em que começou a se debater quase fora de si, devido à reação química provocada pelo gás que o asfixiava, resultando na quebra do vidro traseiro da viatura policial”, narra a sentença em primeiro grau, ação de indenização por danos morais e materiais.

“Dentro desse veículo, o declarante ficou parado, quase sem oxigênio, em razão do gás de pimenta que era lançado contra si; em nenhum momento o declarante revidou as agressões sofridas, apenas pediu ‘Por amor de Deus para parar de jogar gás de pimenta’; os policiais agiram desta forma por covardia”, acrescenta, com base em depoimento de uma testemunha.

“Gás na cela da viatura”

Em Manaus, Amazonas, o Ministério Público ofereceu denúncia contra seis policiais militares. Em junho de 2019, os acusados teriam feito uma sessão de tortura contra cinco pessoas para saber o suposto paradeiro de drogas e armas.

Informações portal metrópoles 

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