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terça-feira, 10 de maio de 2022

Sesab alerta para bactérias resistentes em três hospitais de Salvador em 2022


por Mauricio Leiro

Sesab alerta para bactérias resistentes em três hospitais de Salvador em 2022
Foto: Divulgação

Enterococcus resistentes à vancomicina. Essa bactéria, altamente adaptada ao ambiente hospitalar, já se encontra em Salvador e segue preocupando especialistas por conta da dificuldade em seu combate. Segundo a nota técnica divulgada pelo Núcleo Estadual de Controle de Infecção Hospitalar, da secretaria de saúde da Bahia (Sesab), três hospitais de Salvador já tiveram casos entre janeiro e março de 2022.

 

Os hábitos durante a pandemia da Covid-19 podem ter sido preponderantes na disseminação de microrganismos resistentes aos antimicrobianos nos serviços de saúde. Elas podem sobreviver em superfícies inanimadas por longos períodos. Já, em seres humanos e em outros animais, compõem a microbiota dos tratos gastrintestinal e geniturinário, além da cavidade oral, segundo a Sesab.  

 

"Aumento no número e no tempo de hospitalização dos pacientes com Covid-19; pacientes graves com uso prolongado de dispositivos invasivos e assistência intensiva; redução do número de profissionais de saúde e aumento da carga de trabalho; dificuldades para implementação de medidas de prevenção e controle de infecções (falta de recursos humanos, escassez e uso inadequado de Equipamentos de Proteção Individual – EPI, etc.); utilização excessiva e empírica de antimicrobianos de amplo espectro, em larga escala, para tratamento de infecções secundárias, fúngicas ou bacterianas", pontuam.

 

A infectologista Clarissa Cerqueira apontou que, na Bahia, a frequência da bactéria era reduzida. "O enterococo pode colonizar o trato intestinal, geralmente as pessoas já tem no intestino. Essa bactéria já é resistente a alguns antibióticos. Com certeza, estamos vendo mais resistência na comunidade por conta disso. As pessoas passaram a usar muito antibiótico, as pessoas já têm essa bactéria em geral", explicou ao BN. 

 

"Existe, só que a gente considera em pacientes hospitalizados. A resistência no ambiente hospitalar que temos que proteger. Ele pode ser mais danoso para pessoas que tenham acesso central, que esteja intubado, para pacientes hospitalizados é um perigo maior. Para a comunidade não isolamos, não precisa deixar isolado. Mas no hospital precisa. Um profissional que não faz precaução de forma adequada, o paciente está com acesso. Aumenta tempo de internação, morbidade e mortalidade", comentou.

 

Uma das maiores dificuldades também é o custo do tratamento. "Quando ele fica resistente à vancomicina, só temos mais duas opções terapêuticas. São dois antibióticos. São muito caros, tem um prejuízo muito grande, drogas muito caras. Vancomicina é uma droga básica, mas quando fica resistente é a daptomicina e a linezolida. Mas uma caixa [da linezolida] custa R$ 3 mil", apontou a especialista. 

 

RECOMENDAÇÕES DA SESAB

E já levando em conta o cenário epidemiológico, a Sesab aponta que torna-se "imperativo o conhecimento da real magnitude desses microrganismos no Estado". "Alertamos aos serviços de saúde a obrigatoriedade da notificação dos microrganismos multirresistentes", acrescenta. 



De acordo com a Portaria Estadual nº 1589/2010, e da Nota Técnica NECIH/ COVIM/ DIVISA Nº 02/ 2019 que trata das Medidas de Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde por Microrganismos Multirresistentes em Serviços de Saúde do Estado da Bahia, o estado pede para que medidas sejam direcionadas para o controle das cepas de Enterococcus sp Resistentes à vancomicina, dada a importância epidemiológica e a magnitude deste problema de saúde pública.

 

Entre as medidas estão: aplicar precaução de contato em situações de surto; higiene das mãos e capacitação/educação em higiene das mãos para aplicação da estratégia multimodal recomendada pela OMS. Além disso estão a necessidade de auditoria interna e retorno dos resultados do monitoramento para as unidades assistenciais como forma de melhorar a adesão dos profissionais. 

 

"Identificar prontamente pacientes já conhecidos como colonizados na admissão hospitalar através de um sistema de rastreamento; implantar procedimentos padronizados de limpeza e desinfecção do ambiente com produtos à base de hipoclorito nas superfícies do quarto e álcool à 70% para equipamentos, e monitorar o desempenho para garantir a eficiência do processo; se possível, dedicar equipamentos médicos para uso exclusivo de pacientes colonizados/infectados; implementar Programa de Gerenciamento do Uso de antimicrobianos; realizar cultura de rotina nos pacientes com infecção; realizar cultura de vigilância ativa para investigar colonização com critérios pré definidos por grupo de pacientes; manter os pacientes colonizados/infectados em quarto privativo ou coorte", acrescenta. 

 

Não sendo possível manter todos os pacientes em quarto privativo, priorizar aqueles com maior risco de transmissão - uso de dispositivos invasivos, antibióticos. "Manter equipe exclusiva para atendimento dos pacientes colonizados/infectados", finaliza. 


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