É fato que os procedimentos estéticos se tornaram a nova moda das redes sociais. Nas constantes publicações de famosos, influenciadores digitais e até mesmo em anúncios com preços surpreendentemente acessíveis são raras explicações sobre as substâncias usadas. Entre elas, pode estar o polimetilmetacrilato, metacril ou bioplastia, conhecido como "PMMA", que tem baixo custo e é liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas oferece riscos à saúde.
O biomédico esteta, especialista em Estética e Cosmetologia, Walber Sampaio, conta ao Bahia Notícias que o PMMA é usado para bioplastia, um preenchimento para reconstrução ou projeção de uma determinada área do corpo. Mas a substância deixou de ser comum por não oferecer segurança ao paciente. "É um corpo estranho, o risco de rejeição é altíssimo", explica.
Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), quando o PMMA é usado em grandes quantidades não é seguro, tem resultados imprevisíveis a longo prazo e pode causar reações incuráveis como inflamações, nódulos, necrose (morte do tecido) e até a morte.
Walber, que atende como biomédico esteta em uma clínica de Dermato-Funcional há dez anos, conta que não usa PMMA. "Os riscos que causa ao paciente não valem a pena", analisa. O profissional diz que a substância praticamente não é usada em procedimentos no rosto porque há alternativas sem estes riscos.
Uma pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – Regional São Paulo (SBPC-SP) em 2017 aponta que 17 mil pessoas em todo o Brasil tiveram sequelas após uso de PMMA. Foi levado em conta o período entre maio de 2015 e 2016.
Para os procedimentos no rosto, ele classifica como confiáveis o ácido hialurônico, o bio estimulador de colágeno, fios de sustentação, hidroxiapatita de cálcio e skinbooster. Já para o corpo, o biomédico aponta como seguros o bio estimulador de colágeno, a hidroxiapatita de calcio, lasers e fios de sustentação.
O especialista faz um alerta para o uso de produtos clandestinos ou até mesmo para a prática de aplicação de substância diferente da anunciada. "O paciente só vai descobrir quando for fazer outros tratamentos. Na apalpação, o profissional vai perceber que é PMMA". Walber lembra que já atendeu vários pacientes neste caso.
O biomédico recomenda pesquisar a credibilidade do local e do profisional que fará o procedimento. Além disso, indica o paciente a pedir para ver a substância antes do procedimento.
Walber também não aconselha os pacientes a fazerem procedimentos em locais com preço muito abaixo do mercado. "Os preços na estética são muito parecidos, pois os produtos confiáveis são produzidos em países importados e com registro da Anvisa", conta. Para o biomédico, um valor muito menor pode ser um sinal de uso inadequado de produtos.
CASOS E CONSEQUÊNCIAS
A discussão sobre os riscos dos procedimentos estéticos voltou à tona após a influenciadora digital Liliane Amorim, de 26 anos, morrer por complicações de uma lipoaspiração. O intestino da paciente foi perfurado durante a cirurgia, o que causou uma infecção generalizada.
Liliane morreu no dia 25 de janeiro, seis dias após a cirurgia. No dia seguinte (26), a também influenciadora digital Thaynara OG, de 28 anos, publicou um relato no perfil do Instagram sobre complicações de uma lipoaspiração feita no ano passado. Ela teria passado alguns dias na UTI por consequências do procedimento (saiba mais aqui).
Cerca de um mês antes, a digital influencer baiana Sthé Matos já havia alertado para os riscos de buscar uma cirurgia estética sem tomar os cuidados necessários. Ela compartilhou com seus seguidores um forte relato sobre como, após uma rinoplastia feita apenas por pressão estética, ela se viu com o nariz com a cartilagem exposta (veja aqui).
Fonte: BN Saúde
Nenhum comentário:
Postar um comentário