A cantora e apresentadora Karol Conká teve sua participação no Rec-Beat retirada da programação da edição virtual do evento (Veja aqui). A suspensão da apresentação do registro audiovisual da artista aconteceu após repetidas declarações e atitudes problemáticas dentro do confinamento do Big Brother Brasil. Segundo o criador do festival, Antônio Gutierrez (Gutie), a decisão foi "pelo conjunto da obra".
"[Ela] começou com declarações xenofóbicas (entenda aqui) logo no início que já foi o suficiente para a gente entender que ela estava totalmente desintonizada com o conceito e os princípios do festival, principalmente por ser um festival nordestino na sua gênese, apesar de ser reconhecido nacionalmente", disse Gutierrez ao Bahia Notícias.
Para o produtor, a partir das primeiras demonstrações da cantora no BBB, já foi possível perceber um desalinhamento com a "linguagem do festival". "A cada momento foi uma nova faceta e todas que confrontam com os princípios do festival", argumentou.
Ao longo dos 25 anos do Rec-Beat, que nas edições anteriores aconteceu no Cais da Alfândega de maneira paralela ao Carnaval de Recife, passaram pela festa grandes nomes da cena musical brasileira, dentre eles Luiz Melodia, Gaby Amarantos, Jards Macalé e o grupo Nação Zumbi.
De acordo com Gutie, essa história é marcada pela livre expressão e a quebra de preconceitos. "A gente trata de questões de gênero e inclusão desde o início, quando esse temas nem eram debatidos na sociedade", justificou. "Não é um cancelamento contra a pessoa, isso é uma questão dela com ela mesma. A Karol Conká é problema dela. Ela, como artista, como uma pessoa que vai subir no palco e colocar suas verdades para aquele público, e que a gente espera que tenha um discurso e proposições transformadoras, interrompeu isso".
Ele revela que houve uma decepção, tanto do público quanto da organização, em relação ao que a cantora curitibana propunha em sua obra e no discurso que sustentava nos palcos e na mídia se comparado ao que ela vem demonstrando dentro do reality show.
"Se eu estivesse vendo o BBB hoje, na primeira declaração dela com a menina da Paraíba [Juliette] seria suficiente para entender que aquela artista não tinha salvaguarda para subir no palco do Rec-Beat, nem seria convidada. Nunca cometi o equívoco de trazer um artista contraditório para o meu palco", alertou, salientando que não se tratou de um erro de curadoria. "Estávamos pautados por um trabalho artístico que ela vinha desenvolvendo até então, que todo mundo estava acessando".
O idealizador do Rec-Beat ainda conta que a organização só soube da ida de Conká para o BBB "depois de tudo pronto, contrato assinado, material gravado". "A princípio ficamos reticentes porque a gente sabe que aquele lugar ali é uma ratoeira. Aquele lugar não é fácil, ali não é para fracos, não é para quem não tem verdade porque as máscaras caem", completou.

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